A manhã do sábado, dia 17 de agosto, era preguiçosa, daquelas em que o tempo parece escorrer lentamente, como areia fina em uma ampulheta. Na TV, a notícia correu ligeira e agitou: Senor Abravanel, o homem que o Brasil inteiro conhecia como Sílvio Santos, havia partido. Aos 93 anos, o maior comunicador da história da televisão brasileira deixava este mundo, levando consigo uma era de brilho e carisma que marcaram gerações.
Sílvio Santos, com seu jeito de camelô astuto, conquistou corações em uma época em que a TV era o centro do entretenimento familiar. Com uma linguagem simples e direta, ele dominava as tardes de domingo com seus programas de auditório, sempre acompanhado de sua risada inconfundível e do famoso jingle que ecoava pelas casas: “Agora é hora de alegria, vamos sorrir e cantar...”.
Mas, além dos sorrisos, Sílvio também deixava uma fortuna incalculável. A internet, rápida em tudo, não tardou a exibir números: R$ 1,6 bilhão espalhados em negócios que iam do SBT à Jequiti, passando por Liderança Capitalização, TV Alphaville, Complexo Hoteleiro Sofitel Guarujá Jequitimar, SiSAN Empreendimentos Imobiliários. Um império construído ao longo de décadas, com a mesma habilidade com que dominava o microfone.
No entanto, por mais impressionante que fosse sua trajetória, a frase que ficou gravada na mente de todos naquele sábado silencioso era simples e contundente: “do mundo não se leva nada”, a outra parte do mesmo jingle que enfatizava a alegria, o sorrir e o cantar. Essa frase realista nos conduz à reflexão, que agora ganha a dimensão da realidade na sua morte deixando tudo.
SÍLVIO SANTOS - IMAGEM CANVA
A vida, afinal, é efêmera, um sopro que se dissipa no vento. E ali, diante da notícia da morte de um dos homens mais ricos e famosos do país, a verdade se impunha com toda sua força. Realização, riqueza, alegria e até mesmo longevidade, sem que nada disso impeça o inevitável fim. A Bíblia já nos alertava: “Porque aos homens está ordenado morrerem...” (Hebreus 9.27). Essa vida, comparada à eternidade, é apenas um vapor que logo se dissipa (Tiago 4.14).
Sílvio Santos, com todo seu sucesso e legado, não escapou dessa realidade. E assim como ele, todos nós, em algum momento, nos depararemos com o fim de nossa jornada terrena. A reflexão que fica é sobre como vivemos esse breve intervalo entre o nascimento e a morte. Com sabedoria e humildade, devemos reconhecer nossas limitações e, como Sílvio, reafirmar que “do mundo não se leva nada”.
O convite de Jesus ressoa através do tempo: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim." (João 14.6). Não importa quem sejamos, seja um gigante da comunicação como Sílvio Santos ou alguém do anonimato, todos enfrentamos a mesma realidade. E no fim, a única coisa que realmente importa é o caminho que escolhemos trilhar.
E assim, a vida de Sílvio Santos se encerra, deixando para trás não apenas uma fortuna material, mas uma lição que ecoará por muito tempo: na vida, o que realmente conta não é o que acumulamos, mas o que deixamos de nós nos corações das pessoas. Porque, de fato, “do mundo não se leva nada!”
CARLOS ALBERTO MORAES É JORNALISTA, PASTOR BATISTA E EDITOR DO JORNAL DE APOIO
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