“Sem utopias um país não vai para frente; mas, com distopias, só pode andar para trás” (Gabriel Mario Rodrigues).
Batatais está prestes a vivenciar um momento crucial de sua trajetória política capaz de sufocar a democracia. Treze partidos uniram forças para apoiar a reeleição do atual prefeito, Juninho Gaspar e seu vice, Dr. Ricardinho. Essa mega coligação política pode demonstrar, de certa forma, que a administração tem sido reconhecida nos meios políticos, mas isso não garante que tenha a mesma proporção de aprovação da parte do eleitorado.
Apenas dois partidos locais, em condição de disputar as eleições, ficaram de fora da mega coligação: Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). O PSB apresentou os 16 pré candidatos a vereador, mas não lançou pré candidatura à prefeitura, mesmo tendo em seus quadros, José Luis Romagnoli, que já foi eleito para quatro mandatos para nossa prefeitura, sem nunca ter perdido uma eleição.
O PSOL, por sua vez, além de ser um partido novo, e pequeno, é o único que ainda não realizou a convenção para decidir suas pré candidaturas. A seu favor tem, nos seus quadros, a figura do ex prefeito Fernando Antonio Ferreira que se elegeu pelo PT e governou a cidade entre 2001 e 2004, e na eleição passada candidatou-se pelo PSOL, ajudando o partido a eleger uma vereadora.
Em meio a este cenário distópico para a democracia, devido a essa mega coalizão, alguns analistas enxergam uma oportunidade única para o crescimento do PSOL que poderá se apresentar como o contraponto a esse estado de coisas que, aos olhos de muitos, representa apatia, acomodação e fisiologismo das lideranças partidárias. Abrir mão da disputa eleitoral é abrir mão da democracia que, em si, exige a presença da oposição.
Domingo, dia 28 de julho, em sua convenção, o Partido Socialismo e Liberdade, decidirá o que vai fazer diante desse momento de afirmação da legenda no município, pois está em suas mãos a oportunidade para se tornar a alternativa única para os que acreditam que, sem oposição, a democracia é sufocada. Para boa parte dos filiados do PSOL, este é o momento de força total nas eleições e, para isso, é importante que Fernando Antonio Ferreira se torne pré candidato à eleição majoritária para que o grupo tenha cabeça e não fique perambulando desnorteados em meio ao batalhão de candidatos a vereador da mega coligação.
Em uma eleição com apenas dois candidatos, os 5,91% de votos válidos que o candidato do PSOL teve na eleição passada, com quatro candidatos, pode se multiplicar e puxar muito mais votos para os candidatos à câmara. Assim, por mais que a candidatura seja utópica, uma verdadeira luta entre Davi e Golias, o PSOL poderia conquistar os votos tanto da verdadeira esquerda, quanto daqueles que, reconhecendo a importância do fortalecimento da democracia, votariam no PSOL contra a apatia das lideranças partidárias. A essência da democracia reside na diversidade de opiniões e na possibilidade de escolha, por isso, uma candidatura de oposição, mesmo que pequena, é fundamental para o equilíbrio do poder e a fiscalização das ações governamentais.
Da mesma forma que a utopia pode ser um sonho irrealizável, a distopia pode se tornar um pesadelo possível. Qualquer governo, por melhor que seja dentro do sistema democrático, será melhor ainda com a presença de uma oposição ativa e propositiva no legislativo municipal capaz de proporcionar um debate saudável de ideias. Independentemente de quem vença a eleição em uma disputa democrática, a vitória será de Batatais, pois sem oposição a democracia será sufocada.
Com certeza, a pergunta que estará na mente de muitos, cedo ou tarde terá que ser respondida: Esse alinhamento em torno da candidatura de Juninho Gaspar e Dr. Ricardinho expressa o desejo de progresso, ou manifesta apenas uma acomodação pragmática ao fisiologismo pela falta de lideranças capazes?
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A linha tênue entre utopia e distopia na política
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